sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Shosholoza

por Déborah Jacob
Entre os negros, não há quem não saiba cantá-la. Virou um hino, quase um mantra. Em parte porque tem apenas duas estrófes (repetidas diversas vezes) e é fácil de decorar, pelo menos para quem fala Zulu ou outras línguas negras. Mas acho que ela se popularizou, principalmente, porque transmite um sentimento entendido mesmo por quem não faz a menor ideia do que diz a letra.
Shosholoza, em Zulu, quer dizer “siga em frente”, em uma tradução livre. Nasceu cantada por negros que trabalhavam nas minas. Fala sobre seguir em uma fuga em trens que partem da África do Sul, uma metáfora de quem sonhava, um dia, livrar-se da opressão. Ela virou, claro, uma canção anti-apartheid, mas transformou-se, sobretudo, num símbolo da cultura negra. Aos poucos deixou seu ar melancólico e virou sinônimo também de celebração. Difícil não querer acompanhá-la ao ouvi-la em um estádio lotado, mesmo sem conhecer a letra.
Abaixo vocês podem conferir uma gravação feita em um jogo da Copa das Confederações. A música, aliás, ganhou também uma coreografia. Enquanto é cantada, os torcedores balançam suas bandeiras para frente, num belo espetáculo.
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A Fifa aproveitou a popularidade de Shosholoza para lancá-la entre as músicas oficiais da Copa. Só que usou uma roupagem moderna e modificou a letra. Apenas lá no final é que há um trecho original da música. Ficou ruim. Shosholoza não combina muito com estúdios, é uma música do povo. Parece sempre melhor quando cantada por gente comum, se possível por muita gente. Aí está a sua alma e o seu encanto.
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Aqui está a letra:


Shosholoza
Ku lezontabah
Stimela siphum’ eSouth Africa
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Wen’ uyabalekah
Ku lezontabah
Stimela siphum’ eSouth Africa


Tradução:


Seguindo adiante
Através destas montanhas
Trem da África do Sul

Você está indo embora
Você está indo embora
Através destas montanhas
Trem da África do Sul

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